Diferenças entre edições de "Tourada à Corda (Açores)"

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''Angra do Heroísmo''<br>
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Revisão das 17h08min de 7 de julho de 2020

Tourada Corda Imagem3.jpg

Estando hoje disseminada por várias ilhas, foi na Terceira (Merelim, 1986) que a tourada à corda Açoriana nasceu e é lá que tem maior expressão. Em certos anos chegam a realizar-se perto de três centenas entre maio e outubro. O ritual começa pela manhã. Os habitantes – do local em festa, com familiares emigrantes e amigos, dirigem-se ao “mato”, local no interior da ilha que permanece em estado quase selvagem e onde pastam os toiros bravos. Vão para assistir à recolha e enjaulamento dos toiros, quatro em cada “corda”. O ganadero oferece uma ou duas bezerras, que solta na praça de tentas da ganadaria, para diversão das pessoas. Depois almoçam e convivem até chegar a hora, ao princípio da tarde, das jaulas (ou “gaiolas”, como lá lhes chamam) com os toiros se deslocarem para o local da tourada. Toda a gente enfeita os veículos em que se deslocaram com hortências e acompanha os animais em cortejo.

O local da tourada é na rua. Nela são pintados dois riscos no chão (as raias) separados cinco metros, um par em cada extremo e outros nalgumas das transversais. Os extremos distam um do outro cerca de um quilómetro. Os quatro toiros são soltos das jaulas, um de cada vez, para uma “lide” cujo tempo máximo está regulado e pouco excede, geralmente, os 20 minutos. Um toiro corrido só pode voltar a sê-lo passado um determinado número de semanas, de modo a salvaguardar o seu poder e integridade. É que os toiros, em função do seu comportamento, são objeto de uma valorização específica, e até de uma identificação própria, sendo conhecidos pelo nome próprio. Essa valorização traduz-se num preço determinado, sendo mais elevado o dos toiros com mais provas dadas. São esses os mais procurados, porque se consideram mais bravos. Por isso podem fazer várias dezenas de cordas ao longo da sua vida, tornando-se verdadeiras celebridades, cuja morte dá direito a notícia grande e remissão para a capa dos jornais local.

Os toiros saem à rua, após o aviso de um foguete, embolados por “embolas” de couro ou de metal, presos por uma corda comprida e resistente atada ao pescoço, que é manejada pelos “pastores”, oito homens da confiança do ganadero, trajados a rigor. A sua missão explícita é impedir que os toiros ultrapassem as raias pintadas nos extremos da rua, já que todos os estragos causados pelo animal para lá das raias são custeados pelo ganadero. Implicitamente têm também a função de controlar o animal quando colhe alguém ou destrói a proteção de alguma casa ou quintal, ou, pelo contrário, dar-lhe maior liberdade quando persegue um “americano” da Base das Lages ou um “capinha” adepto de um outro ganadero.

Tourada Corda Imagem4.jpg

Os capinhas são jovens particularmente aptos para “brincar” com os toiros, burlando-os com guarda-chuvas ou com mantas da TAP, ou então recortando-os, isto é, passando em linhas curva bastante cerrada junto à cabeça do animal, de modo a fazê-lo investir sem contudo colher o “recortador”. Naturalmente, e embora muita gente ocupe as ruas à espera de uma fuga mais ou menos desordenada quando o toiro investe na direção da multidão, são os “capinhas” que mais fazem sobressair as qualidades e defeitos – basicamente, maior ou menor bravura – dos toiros, ajudando à sua valorização.

Acontece que, como toda a gente na ilha, cada um é adepto ferrenho de uma das oito ganadarias existentes na Terceira. Assim, os “capinhas” tentarão sempre destapar as qualidades dos toiros se eles pertencem à sua ganadaria de eleição, ou mostrar eventuais defeitos no caso contrário. Manobrando a corda os “pastores” procurarão ajudar os primeiros, mas nunca os segundos.

Alguns dos habitantes de uma localidade podem não ser adeptos da ganadaria escolhida pela Comissão de Festas, caso em que tentarão oferecer uma corda com toiros da sua predileção. É este sistema competitivo que permite neutralizar as tensões resultantes de assimetrias e rivalidades sociais. Numa comunidade marcada pela ideologia igualitarista comum entre os camponeses, a valorização diferenciada de cada tourada, estabelecendo uma hierarquia implícita entre os promotores, constitui um mecanismo de compensação simbólica da realidade da vida, que contradiz essa ideologia igualitária.

Mas a “tourada à corda” é muito mais do que isso. É o que o antropólogo e sociólogo francês Marcel Mauss chamou “fenómeno social total”, isto é, a festa em que todos os elementos essenciais das estruturas sociais da comunidade terceirense são postos em evidência. É nas cordas que as pessoas se encontram, fazem negócios, iniciam namoros e recebem os amigos – bem como forasteiros, dados a bem receber como são os divertidos e simpáticos terceirenses – para que comam e bebam em suas casas, o chamado “quinto toiro”, porque a Festa é para celebrar a vida em comunhão.


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Bibliografia

  • Capucha, Luís e Marco Gomes (2016). "Tauromaquia, Cultura com Sabor de Festa". In LMEC - CRIA (Ed.), Congresso Ibero Americano Património, suas Matérias e Imatérias, Lisboa.
  • Merelim, Pero de (1986). Tauromaquia Terceirense. Angra do Heroísmo: Delegação de Turismo de Angra do Heroísmo.